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terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Sobre a Força, D'us e nosso sentido

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Que a Força esteja com você!

Não sei se D'us existe, muito menos se, caso exista, tenha qualquer interesse na humanidade.  Também desconfio que a humanidade não tem interesse em qualquer ser divino, ou qualquer coisa que o cerque.  De certa forma, creio que alimentar a existência de algo assim me parece conveniente e cômodo. Algo como terceirizar as conseqüências...ou causas.  É como creditar em algo superior, algo que supera o valor do próprio vivente, que seja inquestionável, que não se possa ser contradito.  Se vê isso nos discursos mais frágeis e falsos: algo precisa ser dito para aparar as arestas das coisas mal feitas. Simplesmente, quem pronuncia o Nome do ser divino qualifica sua fragilidade como homem...se apresenta como algo intermediário entre o real e aquilo que desconhecemos. E onde a ciência ainda não tem elementos para negar ou consentir.  É algo do homem buscar esse contato com o desconhecido, com o mistério, com Aquele que - a rigor - teria o papel de ser o chefe decisivo para reconhecer os valores dos bons e castigar os maus.  Em termos simples, esse Criador arquitetou um mundo perfeito, ao gosto de sua bondade, e colocado o homem - sua imagem e semelhança - para se aperfeiçoar no erro e chegar ao acerto.  O problema disso é a própria palavra que o engana: é o homem que usa da palavra e dita - como intermediário e de acordo com sua conveniência, para dar sentido justamente para os pontos vazios que não podem ser explicados. Ter a certeza de que há algo mais do que aquilo que vemos, ouvimos ou sentimos é a base do que levamos em conta para seguir vida.  Creio que não há algo mais humana que a tentativa de se sentir acima dos iguais...e o contato com o divino é a maneira mais adequada para conseguir essa sensação de "superioridade" e/ou pureza da alma, ou coisa que o valha.
O D'us existe, para aqueles que agem em Seu nome, que manipulam sua vida contando com a intervenção divina...nunca se saberá se houve ou não essa intervenção, mas algo aconteceu e é creditado ao dedo do Criador.  A ausência de ação divina significa para o crentes a ação em si das hostes divinas, sejam anjos, arcanjos e quejandos...que nos leva ao Criador em si.
Acredito que, se há fé, há na esperança de que exista alguma coisa a mais daquilo que os olhos vêem e a pele sinta. O mundo de D'us se trata da existência de algo depois de nosso desaparecimento...e normalmente isso, ou a esperança disso, é que é ofertado pelos mercadores.  Vejam bem, existem fantasmas, médiuns que se comunicam com mortos ou até, veem os mortos... Quando alguém diz que teve esse contato sobrenatural, ele se constrói como qualificado em um mundo de iguais.  O mitólogo Joseph Campbell alimentou a ideia da jornada do Herói, que nada mais é o cumprimento de uma missão, de uma aventura individual, necessária, em prol do coletivo.  Não há nada de individual em buscar o sentido de cumprimento da missão divina...ele tem de cumprir o chamado para ser o modelo de um grupo ou comunidade.  Ser um ser divino não é dado aos homens vivos, mas a sociedade pinça entre seus iguais aqueles que  serão os imortais, por seus atos, postura e fé.  E não há nada de sobrenatural ou misterioso.  O homem busca no desconhecido ou na aventura diária o reconhecimento de seu sentido de vida.  Para quem a busca não é prioritária, aderir a ideias já existentes e fáceis, que explicam a presença humana na terra de forma superficial, é mero praxe.  Não há aí o esforço do raciocínio envolvido na inserção a modelos existentes...
Como mitólogo, Campbell tratou da necessidade do homem ser um entre os iguais, com a missão de se destacar para ira adiante...não passa a ser apenas uma missão aleatória a um determinado homem, mas o cumprimento de algo dado a alguém especial, definido por forças além da normalidade.
A figura de D'us me fascina pelo seu poder mítico, mas não pela sua suposta existência.  Duvido de sua existência a ponto de dizer que não existe.  No entanto, desejo estar enganado e ser surpreendido...será muito solitário enfrentar os derradeiros momentos sem ter a certeza da continuidade da vida, um consolo...
É errado esperar a existência de D'us ou acreditar nela. Ao homem é dado cumprir sua missão que é viver. Vivemos em sociedade para isso, para o bem da humanidade.  Se não nos satisfazemos com nossa vida, tendemos e procuramos o D'us para alongar a sensação de vida no além morte... Se deixamos de cumprir o objetivo da vida do homem, deixamos de cumprir nosso sentido e tendemos a ter medo da morte....vivemos assim a expectativa de algo que ... acreditamos que por não termos feito aquilo que é nosso objetivo de vida como homem, de nos garantirmos como humanidade, temos a alma a salvar...ainda que a alma não tenha qualquer consistência física.
Como divagação, chega por hoje... Que a Força esteja com vocês!

Um comentário:

  1. Número 43 é o sentido da vida, do universo e tudo mais, diria o Mochileiro das Galáxias...

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