Na origem histórica, o capitão-do-mato cumpria suas vezes de policial, não para executar as leis, mas para reprimir |
Conter aqueles que ameaçam o patrimônio |
Enxergar falhas em um inquérito temperado por tortura é um prato cheio para se tirar alguma prata do transformado em "Cliente"... Alguma, não, muita grana.
A origem da polícia é na própria marginalidade...foi lá que o Estado recrutou seus membros... Apenas davam aos criminosos o status de policial. No Brasil, a origem da figura do policial em si está no capitão-do-mato, que perseguia escravos fugitivos...ele mesmo um negro alforriado, um mestiço excluído ou coisa parecida ...nas horas vagas, atendia free lance às demandas do agente político da comunidade... Não raro, servia de carcereiro e/ou algoz. No século XX, a polícia adquiriu outro aspecto, independente da justiça, mas força auxiliar do exército... Com o inimigo agora no operariado, a formação do policial era mais voltada para a guerra do que para o fazer polícia... Os métodos de investigação engatinharam por aqui, ficando a perícia ou a investigação restrito a poucas rodas... A pancada rolou solta, sempre... Também, as comunidades eram bem menores, sem a grande dimensão da atualidade... Os ladrões incômodos simplesmente desapareciam.
Conseguindo confissões para resolver crimes |
Fica claro que o papel da polícia sempre foi a da defesa do patrimônio e dos ricos. O lendário Gino Meneghetti, que "atemorizou" São Paulo na primeira metade do século XX nunca utilizou uma arma ou matou alguém....ele era um terror por simplesmente roubar os ricos. Foi acusado de crimes que cometeu ou não. De tanta raiva que teve de um delegado que o prendia constantemente, o espancava para conseguir confissões, Meneghetti resolveu vingar-se: tomou um revólver e foi acertar as contas. Desistiu ao ter o delegado na mira, mas se sensibilizou com a presença de crianças, filhos da autoridade, e foi embora.
Gino Meneghetti, confessou o que fez e o que não fez |
O pós guerra e a urbanização criou esse clima de resolução dos crimes...A industrialização levou ao consumo e ao aumento dos criminosos. A polícia, despreparada, foi à campo e prendia, prendia, sendo culpados ou não e entregava seus indiciados ao judiciário, que os prendia, prendia....e os liberava.
A guerra suja fez a polícia levar seus métodos para a pequena burguesia...os guerrilheiros não eram mais bandidinhos, mas filhos da classe média, estudados...mas que ameaçavam o capital, o patrimônio. O delegado Fleury não via diferença entre um comunista e um ladrão: os torturava igual. Matava e contava com a justiça (judiciário) para cobrir seus erros.
A novidade agora é que o judiciário agora não mais precisa da polícia para condenar sem provas, desde que haja convicção ou que a interpretação das leis sejam convenientes para aqueles que mantém o patrimônio. O judiciário que, há décadas reclamava do mau trabalho policial, de investigação e apuração, é aquele que hoje não se importa com isso, mas com o discurso que escancara a má intenção de seus membros. Isso não é um processo, uma evolução, mas o desenrolar da história de uma nação, onde a injustiça encontra eco na ação de seus homens.
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